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Alencar, o escravista


 
Alencar, o escravista

Cartas do autor a d. Pedro 2º, nas quais defendia o cativeiro no país, são pela 1ª vez publicadas em livro, 140 anos depois
Folha de SP

08 out 2008

Reprodução

Quadro "Loja de Rapé", aquarela inacabada em que o pintor Jean-Baptiste Debret retrata escravos urbanos no Brasil do século 19

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

"A escravidão caduca, mas ainda não morreu; ainda se prendem a ela graves interesses de um povo. É quanto basta para merecer o respeito."
Quem vinha a público, em 1867, desejoso de ser ouvido na defesa do cativeiro no país era o romancista José de Alencar (1829-1877). A memória histórica no Brasil, no entanto, silenciaria seus argumentos no século seguinte.
A frase aparece numa das sete cartas públicas em que, naquele ano, o autor de "Iracema" criticou o imperador d. Pedro 2º por propor que o país começasse a pôr fim gradual à escravidão. Só agora, 140 anos depois, elas ganham uma edição em livro, "Cartas a Favor da Escravidão" (ed. Hedra), que chega nesta semana às livrarias.
Embora diversos pesquisadores tivessem conhecimento de sua existência -que era citada em alguns trabalhos- e das posições políticas de Alencar, o conteúdo das cartas não chegou a ser reimpresso. O conjunto não aparece, por exemplo, nas obras completas do autor romântico, organizadas em 1959 pela editora José Aguilar (hoje Nova Aguilar).
No final dos anos 90, a historiadora Silvia Cristina Martins de Souza encontrou as cartas na Biblioteca Nacional, no Rio.
Republicou parte delas numa revista especializada da Unicamp. "Elas não haviam sido reproduzidas no século 20", diz a pesquisadora, que atribui o "esquecimento" do material ao "desconhecimento e desinteresse" sobre a obra de Alencar.
O organizador do livro que vem agora a público, Tâmis Parron, tem opinião diferente.
Ele escreve na introdução aos textos de Alencar que se trata de uma "provável tentativa de expurgar sua memória artística de uma posição moralmente insustentável para os padrões culturais hegemônicos desde o final do século 19".
"É um expurgo? Pode ser. É provável, mas não tenho acesso a documentos que provem essa hipótese", disse o historiador, em entrevista à Folha.
Procurada, a Nova Aguilar não respondeu aos questionamentos sobre a lacuna e sobre a possibilidade de inclusão das cartas em edições futuras (a última, esgotada, saiu em 1965).
As "Novas Cartas Políticas de Erasmo", como foram denominadas, numa referência ao pensador holandês, apareceram num momento de crise internacional da escravidão. Com o fim da Guerra Civil Americana (1861-1865) e da servidão nos EUA, aumentaram as pressões internacionais para que o Brasil, como último país independente da América a mantê-la, pusesse fim à instituição.
No princípio de 1867, o imperador pede que seu gabinete encaminhe ao Legislativo uma proposta de discussão que resulte num prazo para o fim da escravidão.

Instituição necessária
É em reação a essa movimentação de d. Pedro que Alencar argumenta, em suas cartas, contra a extinção por lei de uma instituição que, para ele, deveria acabar como resultado de um processo "natural" de maturação -processo que na Europa, ele diz, levou séculos.
O escritor e político -falava como integrante do Partido Conservador- reconhece que a escravidão já se apresentava "sob um aspecto repugnante", mas completava que "ainda mesmo extintas e derrogadas, as instituições dos povos são coisa santa, digna de toda veneração". "Nenhum utopista, seja ele um gênio, tem o direito de profaná-las. A razão social condena uma tal impiedade." As "razões sociais" do cativeiro no Brasil eram muitas, segundo o autor. Em primeiro lugar, de ordem econômica, já que era pelo trabalho escravo que se mantinha a produtividade das unidades agro-exportadoras do século 19. Depois, política, já que era daí que o Estado tirava recursos para existir.
Mas também "social", já que, segundo Alencar, a instituição no Brasil trazia a promessa de inserção, como cidadão (ainda que parcial), do escravo alforriado e de seus filhos.
Finalmente, num raciocínio pouco usual na época, Alencar, de certa forma prefigurando Gilberto Freyre, autor de "Casa Grande & Senzala", afirmava que a escravidão permitia a existência de uma cultura original no Brasil, fruto da "miscigenação" de costumes entre "brasileiros" e negros africanos.


CARTAS A FAVOR DA ESCRAVIDÃO
Autor: José de Alencar
Organizador: Tâmis Parron
Editora: Hedra
Quanto: preço a definir (160 págs.)



 
 
 
 
Análise/livro/"Cartas a Favor da Escravidão"

Esforço letrado de Alencar é chocante

Textos publicados revelam um escritor admirável e ao mesmo tempo execrável, que faz pensar nos novos senhores do Brasil

TALES AB'SÁBER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem ler as "Cartas a Favor da Escravidão", de José de Alencar, que a editora Hedra publica após 140 anos de sua primeira aparição, deve se espantar. De fato, o livro tende para o inacreditável.
Há muito que circula a percepção em círculos progressistas de que as elites nacionais poderiam funcionar por princípios pré-modernos em plena modernidade, diante dos quais o horizonte real de desenvolvimento social do país não é um móvel histórico forte.
A vida ideológica estável de nossa época nos impede de checarmos as concepções de mundo do poder e seu controle do corpo e destino no mundo do trabalho. Em um tempo em que todo poder emana do capital, e a crítica da violência no espaço do trabalho está vedada por princípio, apesar da virtual escravidão, a verdade é que a violência contra o trabalho continua aí, presente, configurando amplos setores da economia. No entanto, tais novos senhores do trabalho do outro estão justificados a priori.
Afinal, imensas empresas, como as grandes marcas esportivas ocidentais, não exploram também ao extremo o trabalho, até mesmo o infantil, no sudoeste asiático, ao mesmo tempo em que terceirizam as responsabilidades, como se nada tivessem a ver com essa ordem de iniqüidades, mesmo quando ganham tudo com ela?

Clareza e astúcia
Em uma certa passagem de nossa modernidade, José de Alencar se pôs a defender, com seu estilo transparente e elegante, a posição do Partido Conservador pela manutenção da escravidão no Brasil. A instituição estava abalada, pois fora abolida no império inglês (1833), nas colônias francesas (1848) e nos EUA (1863).
As pressões sobre o Brasil eram grandes, e d. Pedro 2º sinalizava, mesmo que de modo muito lento e gradual, para o horizonte de supressão do trabalho escravo. Então Alencar escreve essas peças execráveis, mas, paradoxalmente, admiráveis pela clareza e pela astúcia, sustentando a necessidade civilizatória da escravidão.
Fundado em um princípio de violência inconciliável da civilização com a natureza e com o outro humano -o bárbaro-, que seria civilizado pela força avançada que o poria como escravo, mas força que também o tornava um virtual sujeito para ele próprio, Alencar se utiliza de todos os argumentos imagináveis em seu tempo para justificar o modernamente injustificável, do risco de crise social à necessidade econômica fatalista e até mesmo um desenho de amálgama de raças pela miscigenação e pela cultura, que faria da escravidão a mãe da cultura nacional.
Hoje, o esforço letrado e frio do escritor é chocante e nos parece vazado de desfaçatez. Algo parece ter mudado no valor dos fatos e da história.
Mas o que podemos dizer dos neo-senhores, que mantêm condições de terror e ignomínia no mundo do trabalho? Se eles fossem obrigados a falar, como recentemente os neocons americanos o fizeram para justificar a ilegítima invasão no Iraque, seu sistema de razões e sofismas soaria semelhante ao do elegante e culto senhor de escravo e romancista brasileiro, como toda ordem de razão que emana da pura força.
De modo algum é acaso que este tenha sido o único trabalho publicado do autor no século 19 ausente das obras completas de 1959. Tal voz conservadora é de fato mais poderosa quando silenciosa, quando não mais necessita se justificar. Por isso o livro de Alencar é importante. Ele dá voz e configuração ao que silencia, pois não necessita justificativa, e pode apenas agir, tão sistematicamente no Brasil.


TALES AB'SÁBER é psicanalista, membro do Instituto Sedes Sapientiae e autor de "O Sonhar Restaurado" (ed. 34)


Leitura e cidadania

 
 

Leitura e cidadania

JORGE WERTHEIN


No ensino, o que faz a diferença é a tecnologia. E há um caminho ainda não percebido no Brasil: a nova geração de telefone celular

O BRASIL vem reduzindo sua taxa de analfabetismo com velocidade constante nas últimas décadas. Hoje, ela é de 9% da população -16 milhões de analfabetos absolutos com 15 anos ou mais.
A pessoa que não sabe ler nem escrever se sente profundamente limitada e discriminada. Não consegue entender o jornal, não sabe pegar ônibus nem possui condições para obter um emprego. Sua auto-estima é baixa.
O Indicador de Analfabetismo Funcional informa que 67% dos brasileiros têm interesse na leitura. Mas não existem bibliotecas em cerca de 1.000 municípios dos 5.564. Em 89% deles não existem livrarias. Lê-se pouco.
O governo federal, os governos estaduais e municipais e diversas instituições da sociedade civil promovem ações para fornecer livros, informações e alcançar o brasileiro que está na ponta da linha, em alguma região menos desenvolvida. É um tremendo esforço que envolve pesada logística.
Não é fácil. Os resultados estão chegando. Poderiam ter mais velocidade. Porém, é inegável que a situação de hoje é melhor que a de ontem.
O que faz a diferença agora é a tecnologia. Os professores dispõem de recursos impensáveis anos atrás. Eles têm à disposição projetores, computadores com acesso à internet e a possibilidade de interagir com outros centros de excelência.
Em vários países, é normal ter salas de aula com até 300 alunos, que são convidados a ler antecipadamente sobre o tema que o professor vai expor.
E, posteriormente, voltam aos livros para conferir o que foi apresentado. É um ensino de massa que visa qualificar muita gente em pouco tempo.
Mas há outro caminho ainda não totalmente percebido no Brasil. A nova tecnologia dos telefones celulares -a chamada 3G. Telefone não é mais utilizado apenas para comunicação oral. Ele se presta para transmissão de dados, para ver televisão, para receber e mandar e-mails, para ouvir rádio, para ler jornais, para ver filmes.
É para essa nova tecnologia que os gestores da educação precisam olhar com atenção. Os professores devem se capacitar para usar a nova linguagem. Hoje, existem mais de 3 bilhões de telefones celulares no mundo. No Brasil, já foram comercializados 130 milhões de aparelhos. Eles cobrem mais de 80% do território nacional.
O plantador de soja no interior de Mato Grosso sabe o preço exato de seu produto nas Bolsas por intermédio do aparelho. É ele que transmite as notícias mais importantes e faz a conexão daquele remoto produtor no setentrião brasileiro com o mundo.
Esse é o novo caminho. Na internet, há de tudo. É preciso dispor das ferramentas certas e saber utilizá-las para obter o melhor resultado.
Infelizmente, os dados disponíveis nos censos elaborados pelo Ministério da Educação indicam que 50% dos professores da rede pública não têm computador. Se eles não dispõem do equipamento, não saberão ensinar o aluno a chegar à rede mundial.
O Brasil é um país de dimensões continentais, que se desenvolve apesar dos desníveis de renda entre pessoas e regiões. Algumas delas, como é comum na Amazônia, são de acesso difícil ou quase impossível via terrestre. O ideal seria ter boas escolas, inclusive profissionalizantes, em cada um dos 5.564 municípios brasileiros.
Mas, na prática, a realidade é difícil, onerosa e demorada. A cidadania decorre do processo de educação. O homem e a mulher alfabetizados conhecem seus direitos e seus deveres. Vão transmiti-los aos filhos e descendentes. Vão ajudar a escolher melhor os governantes e a julgá-los nos momentos adequados.
Isso é cidadania. Não há como falar em cidadão se não houver educação que molde o espírito e prepare o jovem para a aventura da vida adulta, com todos os seus desafios, problemas e incertezas. O Brasil cresceu aos saltos, aos ciclos, mas o seu resultado tem sido extremamente positivo.
Há um país a ser feito. E uma sociedade a ser construída por cidadãos. Seus habitantes só vão merecer a cidadania plena se cuidarem da educação com o carinho que o assunto requer e a prioridade de que necessita. Inclusão digital é um capítulo importante do processo brasileiro de levar educação de qualidade para todos.
Aqueles 9% de analfabetos deverão desaparecer em pouco tempo. O Plano de Desenvolvimento de Educação estabelece que dentro de 15 anos todas as crianças com até oito anos estarão alfabetizadas no Brasil. É possível, é viável. Restarão os analfabetos funcionais, os que sabem ler e escrever, mas não conseguem entender o texto que está diante deles. E sempre haverá espaço e caminho para evoluir na construção da cidadania.


JORGE WERTHEIN , 67, sociólogo argentino, mestre em comunicação e doutor em educação pela Universidade Stanford (EUA), é diretor-executivo da Ritla (Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana). Foi representante da Unesco no Brasil (1997 a 2005) e assessor especial do secretário-geral da OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura).

folha de sp 30/09/2008

Stoics, cynics and the meaning of life

 

 

Stoics, cynics and the meaning of life

Its language is now barely known, and only a few of the works produced by its great writers and thinkers survive, but ancient Greece's influence surrounds us. In these extracts from her new book, Charlotte Higgins assesses the culture's legacy

Wednesday October 1 2008
 
 

Zeus once let fly two eagles from the ends of the world: one from the east and one from the west. They soared high over oceans, mountains, forests and plains, until they met at the very centre of the earth, its omphalos, or navel. On this spot, a temple to Apollo was dedicated, the home of the Delphic oracle, where those who wished for insight into their past, present or future might come to consult the god. The questioner would be led into the temple's dark heart. In the gloom, the visitor would more sense than see the Pythia - the laurel-crowned woman who acted as the sacred conduit for the god's communications. In a trance, amid the heady fumes of burning laurel and barley, she would begin her utterances: divinely inspired fragments that the priests would interpret and fashion. But as the inquirer passed under the temple colonnade, before he stepped into the inner sanctum itself, he would have seen some letters carved into the portico: gnothi seauton - "know thyself ".

This extraordinary challenge to achieve self-knowledge still rings out commandingly. It captures one of the things that is most exciting about ancient Greece: from the writings of its greatest thinkers and authors what stands out is an almost visceral need to question, to probe, to debate, to turn accepted opinion on its head - whether the subject of inquiry is the state of the human heart or the nature of justice.

The intellectual achievements of the ancient Greeks were quite simply extraordinary. They shaped the basic disciplines and genres in which we still organise thought: from poetry to drama, from philosophy to history, from natural history, medicine and ethnography to political science. We have been inexorably moulded by ancient Greece: the way we think about right and wrong, about the nature of beauty, goodness and knowledge; the way we conceive of what it is to be a mortal being amid the immensity of the universe; the way we talk about the past, and our ambiguous relationship with war; the way we discuss politics and citizenship. The tracks that lead back from our world to the Greeks' are narrow, meandering, sometimes virtually rubbed out or invisible - but they are there. What the Greeks did and said still casts light on what we say and do; by looking at the Greeks we can understand more about ourselves. The Greeks, in short, can help us answer their own challenge of "know thyself ".

The world of "ancient Greece" was certainly not confined geographically to the Greek mainland, nor was it a single entity. There were Greek settlements dotted all around the Mediterranean, from Marseilles in the west, to the coast of Asia Minor in the east. In fact, many of the most glamorous intellectuals of ancient Greece came from the coastline of what is now western Turkey. Nor is "Greece" (in Greek Hellas) a term that would necessarily have been widely understood. The Greek world was made up of hundreds of politically independent, often disputatious city-states, each with separate systems of government, locally distinct religious cults, even different calendars and names for the months of the year.

When we think of "ancient Greece", we tend to be drawn to just one of these hundreds of city-states, and at one particular time: Athens in the fifth century BC. This is perfectly understandable, as during its flowering of power between the routing of the Persians in 479 BC and its own crushing by Sparta in 404 BC, it was a magnet for writers, artists and thinkers from all over the Greek world, and the scene of the most exciting intellectual revolution that the world has ever witnessed. The Athenians have always made the most noise; and they left us an abundance of literary masterpieces, not least the great dramas of Aeschylus, Sophocles and Euripides, written for performance at the Athenian festival called the City Dionysia. Still, it is best to remember that the Athenians weren't the only Greeks, nor were they even "representative" Greeks.

So, it is worth thinking about ancient Greece because it brings us a perspective on the way we live now, from our politics to our sense of history. And reading the Greeks is also a source of unbounded enrichment and pleasure. But even more important than all this, perhaps, is the idea of "ancient Greece" not simply as a specific place or a time, but a realm where the imagination, the emotions and the intellect can roam free. We will never completely grasp ancient Greece. An enormous wealth of literature, art, architecture and other artefacts have survived but, for every survival, there are a thousand losses. We have 20 dramas by Euripides, but we know that his complete works numbered 90 plays. For Aeschylus, we have seven out of 90 extant. And for Sophocles, just seven out of 123. Works that were seen as masterpieces in antiquity are nothing but dust, ashes and the occasional quote in other texts.

For me, the writing of Plato acts as a wonderful metaphor for our relationship with ancient Greece. Plato did not write in the form of treatises; he did not propound theories, even. His philosophy is almost always written as dialogues between two or more speakers: its very form encapsulates disagreement, debate and provisional answers rather than unshakeable dogma. Incompleteness, as it were, is at its heart. In the same way, knowledge of ancient Greece is fugitive, fragile, difficult to grasp. When the mind travels to ancient Greece, it embarks on a quest - an idea CP Cavafy, the great modern Greek poet, put beautifully in his poem Ithaca, which takes the idea of Odysseus' homecoming:

When you set out for distant Ithaca,
fervently wish your journey may be long, -
full of adventures and with much to learn.

And, as we set out on that long but rewarding journey towards Ithaca, we will come closer to answering that ancient challenge: gnothi seauton

Do you speak more Greek than you think?

Spartan
As in, "Tarquin, I know the minimalist look is right up your street, but don't you think the room looks a little spartan with the actual floorboards removed?"

Simple, severe, lacking in comfort: that does in fact pretty much sum up what we know about the life of the Spartans. Despite its position as a Greek military superpower, the place had none of the kind of impressive architecture that would have overwhelmed the eye of a fifth-century visitor to Athens. Famously, Sparta also lacked walls or fortifications (it demonstrated that the inhabitants were such butch soldiers they didn't need nancy-boy walls to keep them safe). But being "Spartan" also meant adhering to a system of iron discipline, with boys taken out of their families for military training at the age of seven and, uniquely for ancient Greece, girls also given an education and athletic training - the better, presumably, to give birth to warrior sons. This was the background that produced the toughies who, vastly outnumbered, held off the Persians at Thermopylae, until all 300 were slaughtered. Dedication, bravery and suicidal bloodymindedness are thus also Spartan virtues.

Laconic
As in, "Darling, I know being a teenage boy is all about communicating in grunts, but if you could descend from your laconic monosyllables occasionally, I'd be terribly grateful."

Laconia was the region of the Peloponnese that Sparta controlled; "laconic" refers to another Spartan quality: a severe, economic, and sometimes dryly witty way with words.

Aegis
As in, "Don't worry, Henry, the animal care comes under the aegis of the National Donkey Protection League, which I am sure has impeccable standards."

Frankly, the aegis - a symbol of divine power - has always struck me as one of the weirdest things about the Greek gods. I can do no better than quote the Oxford Classical Dictionary, which describes it as an "all-round bib with scales, fringed with snakes' heads and normally decorated with the gorgoneion". (Gorgoneion being classicist-speak for the head of the Gorgon Medusa.) The aegis, the entry helpfully adds, may sometimes be tasselled. I have also heard it described as looking like a sporran.

Thespian
As in, "Brenda has marvellous talents as a thespian, you know. You should see her Lady Bracknell."

Thespis was the man who, according to Aristotle, "invented" Greek drama, adding a prologue and speech to what had previously been a choral performance.

Herculean
As in, "Cleaning the bathroom and kitchen floors, Muriel, seems to me to be a labour of Herculean proportions."

Hercules is the Romanised name of Heracles, the greatest of all heroes, and one of the few mortals to attain the status of a god. The labours, set him by Eurystheus, king of Argos, were 12 in number. Heracles had something of a problem with madness and mass murder: the labours were done to expiate the killing of his wife Megara and their children, which he committed in a bout of insanity visited on him by the goddess Hera. Another story has him killing the father and brothers of his girlfriend Iole. To purify himself, he worked for the queen of Lydia, Omphale, for three years. The twist was that he had to do this as a woman - spinning and weaving, in drag, a scene vividly depicted on a Roman well-head in the Townley Collection of Roman antiquities in the basement of the British Museum.

Tantalising
As in, "I've just caught a tantalising glimpse of Frank's homemade apricot ice cream and I can't wait to taste it."

From Tantalus, one of the very first generations of mortals. Invited by the gods to dine on Mount Olympus, he decided to kill, cook and serve up his son Pelops to see whether his hosts would detect the forbidden food (as you do). Demeter, distracted by her grief for her daughter Persephone, was the only immortal who tucked in, polishing off a shoulder. The gods reconstructed Pelops and brought him back to life, with a prosthetic shoulder made from ivory. Tantalus's eternal punishment in the Underworld was to stand in a pool that drained away when he tried to drink from it and beneath branches groaning with fruit that drew away when he reached for them. A tantalus is also a lockable stand for a set of decanters. You can see the booze, but you can't get at it without the key ...

Colossal
As in, "I'm heading for a colossal overdraft. Drinks on you, I'm afraid."

From the Colossus of Rhodes, one of the seven ancient wonders of the world. In 305 BC, Rhodes was attacked by the Macedonian Demetrius Poliorcetes and successfully saw off a year-long siege. Demetrius abandoned his siege equipment on the island, and the grateful Rhodians used the proceeds from the sale of all that to erect a 33m statue to their patron, Helios, the sun god. However, it stood for only 56 years; an earthquake in about 226 BC undermined the statue at the knee. Even in ruins it still excited visitors, such as the Roman writer Pliny, who noted that its thumb was too big for most men to be able to clasp in their arms, and that its very fingers were bigger than most ordinary statues. The Statue of Liberty is inspired by the Colossus of Rhodes.

Draconian
As in, "Miss, don't you think punishing smoking with a public flogging is a bit draconian?"

Draco, by tradition, set down the first Athenian law code in 621 or 620 BC, the first time the city's laws had been put in writing and displayed in public. Evidence is thin as to what these laws comprised: but according to tradition, it was the death penalty for pretty much everything. One Athenian in the fourth century quipped that Draco wrote his laws in blood rather than ink. "Draconian" is always a negative word in English, but you could argue that setting forth a state's laws in public for the first time was, in its way, a reforming measure ... though Draco's code was itself reformed soon enough, in 594/3 BC by Solon, who repealed everything except the law on homicide.

The boy's name Draco, for understandable reasons, has failed to take off: though it was famously pulled into service by JK Rowling for one of her most memorable baddies, the sinister Draco Malfoy. This is not surprising, given that JK studied classics and French at Exeter University and is rumoured to have based Dumbledore on the splendidly bearded Peter Wiseman, Exeter's classics professor emeritus.

Ostracise
As in, "I should think you'll be completely ostracised from the golf club, Derek, if you go anywhere near it in those trousers."

Ostracism was a method by which, through the Athenian democratic reforms introduced by Cleisthenes in 508 or 507 BC, a citizen could be exiled for 10 years after a majority vote in the assembly. The name of the chosen man was written on a shard of pottery, an ostrakon. Nearly 200 ostraka have been found in an Athenian well, with the name Themistocles written on them in a very few hands. Presumably he was at the receiving end of a carefully orchestrated campaign.

Odeon
As in "What's on at the Odeon? I quite fancy catching 300 again there. Nothing I like better than a pumped-up Spartan wearing leather knickers."

The notable cinema chain is named, ultimately, for one of the great buildings on the slopes of the Acropolis, the odeion, or music hall (and in fact, there were odeia in other Greek cities, too). The Athenian odeion was a square hall with pillars supposedly made from the masts of Persian ships taken at the battle of Salamis in the Persian wars. Men and boys' choral competitions, part of the festival called the City Dionysia, were held there, as well as previews of the main tragic plays. Popcorn was not served.

Hoi polloi
As in, "Ivy says she can't bear to go shopping on a Saturday. The town centre is just too full of hoi polloi, apparently."

Hoi polloi is Greek for "the many", meaning the ordinary people. Used with more than a soupçon of snobbery in English. To say "the hoi polloi", incidentally, is strictly speaking a gaffe, since it means "the the many" as hoi is the definite article.

Platonic
As in, "Susie's relationship with David is purely platonic, you realise."

The sort of admiring, passionate but asexual regard for young men that Socrates engaged in. Alcibiades slept one night under a cloak with Socrates, according to Plato - but, he said, it was just like sleeping with a brother or a father. Socrates just wasn't interested in going all the way. You could see this as a metaphor for his pursuit of knowledge: it's about the quest, not the consummation.

Cynical
As in, "I'm fed up with you lot being cynical grouches. Let's bring in a bit of joy, people!"

A philosophical school, or, more accurately, way of life, practised from the fourth century BC. Diogenes, who supposedly lived in a barrel, was the most famous Cynic - the word probably derives from the Greek for dog, so cynicism means "doggishness". It seems that adherents tried to live in accordance with nature, seeing animals as exemplars of anxiety-free living, and eschewing ambition, power, material possessions, even education. Diogenes once famously masturbated in the street. Our word "cynical" thus takes a bit of leap from its ancient origins.

Stoical
As in, "Martha has been tremendously stoical since her house burned down and she lost her job."

Stoicism, founded in the fourth century BC by Zeno of Citium, was an extremely significant philosophical school. Empiricism and materialism were key features; in the realm of ethics, freeing oneself from emotion and living in accordance with human nature (which for Stoics was indivisible from human reason), was of great importance. Virtue, argued Stoics, was sufficient for happiness.

Sceptical
As in, "The government claims it's going to have London ready for the 2012 Olympics, but frankly, I'm sceptical."

"Sceptic" was a label introduced in the first century BC to describe the position of philosophers who held no doctrine and suspended judgment on, well, everything. Particularly lively debates ensued with the materialist Stoics