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ANAIS NINN
"É como uma doença, o desejo de ver alguém, o anseio profundo e forte. E
você acabou de vê-lo, e vê-lo amanhã não vai satisfazer, e a mesma doença,
como uma fome, chegará até você, mais forte a cada vez que você o vê. Não,
eu não expliquei isso. Eu estava trabalhando hoje, escrevendo. Minha cabeça
estava ocupada: minha mente estava repleta do trabalho. Ainda assim, todo o
tempo, eu estava ciente de uma dor - corrosiva - como se um pedaço de mim
tivesse sido arrancado. E a mente não pudesse fazer nada sobre isso. Era
físico: estava nas veias, no sangue, na pele. Eis por que as relações
humanas são tão perigosas - porque a mente não tem poder sobre elas Estou
diabolicamente só. O que eu precisava era de alguém que pudesse me dar o que
eu dou a Henry: essa atenção constante. Eu leio cada página do que ele
escreve, eu acompanho suas leituras, eu respondo a suas cartas, eu o ouço,
eu lembro de tudo que ele diz, eu escrevo sobre ele, eu lhe faço presentes,
eu o protejo, estou pronta, para a qualquer momento, desistir de qualquer
pessoa por causa dele, eu acompanho seus pensamentos, entro em seus planos -
um cuidado apaixonado, maternal e intelectual. Ele não pode fazer isso.
Ninguém pode. Ninguém sabe como. É uma arte,
um dom. Hugh me protege, mas ele não corresponde. Henry corresponde, mas ele
não encontra tempo para ler o que eu escrevo. Ele não entende todos meus
humores, nem escreve sobre mim.".
ANAIS NINN
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