No armário do meu quarto escondo
de tempo e traça meu vestido
estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada
em campânulas vermelhas à ponta
de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão
e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele,
meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo,
volatiza-se a memória guardada:
Eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.
de tempo e traça meu vestido
estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada
em campânulas vermelhas à ponta
de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão
e o vesti como um rito,
meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele,
meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo,
volatiza-se a memória guardada:
Eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda.
O VESTIDO, Adélia Prado, Poesia reunida, Editora Siciliano, 1991
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